Possuir um cartão de crédito na carteira é nos dias
de hoje normal para a grande maioria dos cidadãos. Tal como o cartão de cidadão
ou o cartão de contribuinte, o cartão de crédito está presente na maioria das
carteiras, contribuindo assim para um elevado volume de plástico que
transportamos diariamente.
Ter um cartão de crédito pode ser muito útil e até
mesmo essencial, principalmente quando necessitamos de alugar um carro, reservar
um quarto num hotel, efectuar compras pela Internet ou viajar para o
estrangeiro. No entanto, se pensarmos bem, veremos que essa grande utilidade
que atribuímos ao cartão de crédito não passa de uma justificação forçada para
nós próprios. Quantas vezes tivemos de alugar um carro ou reservar um quarto de
hotel inesperadamente? Provavelmente, para a esmagadora maioria, nenhum desses
motivos se verificou pelo menos recentemente.
Excetuando as viagens para fora do país, onde aí
sim, fazermo-nos acompanhar de um cartão de crédito é essencial, são muito
poucos os motivos para carregarmos mais um pedaço de plástico na carteira.
Mas o grande problema dos cartões de crédito não é
o espaço que ocupam na carteira, nem mesmo o valor da anuidade a pagar. E também
não há problema em o usar, quando efectuamos o pagamento pela totalidade do
valor utilizado. O grande problema reside, ou melhor, inicia-se, quando
utilizamos o cartão e no dia de pagamento não fazemos o pagamento da totalidade
do valor utilizado. A partir dessa data, do momento em que fazemos apenas o
pagamento de uma parte do valor utilizado, passa a existir cobrança de juros
sobre o valor não pago.
Inicialmente surge uma certa apreensão,
principalmente sobre o quanto vamos pagar. No entanto, e logo após o primeiro
extrato, todos os receios se dissipam quando vemos o valor de juros a pagar.
“Afinal não é assim tanto…”. A partir desta fase deixam de surgir receios
relativamente à utilização do cartão, pois a ideia generalizada é a de que os
custos não são elevados. Deixa também de existir a preocupação em pagar a
totalidade do saldo utilizado e passa-se a utilizar o cartão de crédito de
forma sistemática.
No entanto, com o incremento da utilização do
cartão e consequente aumento do valor em dívida, também aumenta o valor dos
juros a pagar. E rapidamente o valor pago mensalmente deixa de ser suficiente
para pagar juros e amortizar capital. Deixa até de ser suficiente para pagar os
juros na totalidade.
Apesar de inicialmente os juros parecerem
insignificantes, a verdade é que os mesmos ascendem a cerca de 25%, o que
representa 1/4 do valor utilizado. Se em € 100 os mesmos representam € 25,
quando o saldo do cartão atinge € 500 os juros passam para € 125. Mas € 125 num
ano até não será muito e rapidamente se utiliza € 1.000 e os juros sobem para €
250 e assim sucessivamente.
Mais grave ainda é quando alguém que já se encontra
em dificuldade para cumprir com o pagamento das suas responsabilidades opta por
utilizar o cartão para conseguir pagar as prestações do crédito à habitação ou
do crédito pessoal. Nestas situações, o que se consegue é um agravamento das
dificuldades pois no mês seguinte, para além das normais prestações do crédito à
habitação ou pessoal, ter-se-á ainda para pagar o valor utilizado no cartão de
crédito. Esta é uma situação que se agrava muito rapidamente e que a cada mês
se torna mais difícil de suportar.